quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Deficiência Intelectual

O que é a deficiência intelectual?
Segundo conceito da Associação Americana de Deficiência mental, trata-se de um funcionamento intelectual inferior à média (QI), associado a limitações adaptativas em pelo menos duas áreas de habilidades (comunicação, autocuidado, vida no lar, adaptação social, saúde e segurança, uso de recursos da comunidade, determinação, funções acadêmicas, lazer e trabalho), com início antes dos 18 anos.
Em 1995 o simpósio INTELLECTUAL DISABILITY: PROGRAMS, POLICIES, AND PLANNING FOR THE FUTURE da Organização das Nações Unidas – ONU, altera o termo deficiência mental por deficiência intelectual, no sentido de diferenciar mais claramente a deficiência mental da doença mental (quadros psiquiátricos não necessariamente associados a déficit intelectual). Em 2004, em evento realizado pela Organização Mundial de Saúde e Organização Pan-Americana da Saúde o termo deficiência é consagrado com o documento "DECLARAÇÃO DE MONTREAL SOBRE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL”.

Causas
As causas da deficiência intelectual são inúmeras e complexas, envolvendo fatores pré, peri e pós natais. O diagnóstico da causa é muito difícil, englobando fatores genéticos e ambientais, como quadros genéticos, infecções e drogas na gravidez, dificuldades no parto, prematuridade, meningites, traumas cranianos, etc.
Em países desenvolvidos, em 42% dos casos não se encontram "pistas" da origem da deficiência; 29% é claramente genética, 19% provavelmente genética e 10% é ambiental.
Existem medidas que podem ajudar a prevenir a deficiência, embora ela possa ocorrer em qualquer família, independente de idade, sexo, classe social, etc.

Prevenção da deficiência intelectual
• Aconselhamento genético para famílias com casos de deficiência existentes, casamentos entre parentes, idade materna avançada (nestes casos temos uma maior chance de ocorrência ou recorrência de casos).
• Acompanhamento pré-natal adequado diagnostica infecções ou problemas maternos que podem ser tratados antes que ocorram danos ao feto. Além disso, uma gestação com alimentação e práticas de vida saudáveis também favorecem o desenvolvimento adequado do feto. O Teste do Pezinho, obrigatório em território nacional, é a maneira mais efetiva de prevenção da deficiência intelectual em casos de fenilcetonúria e hipotireoidismo congênito (O Teste do Pezinho não faz diagnóstico de síndrome de Down).
• Do ponto de vista pós-natal, a aplicação de vacinas, alimentação adequada, ambiente familiar saudável e estimulador, cuidados relacionados aos acidentes na infância também são poderosas armas.
A pessoa com deficiência intelectual tem, como qualquer outra, dificuldades e potencialidades. Seu tratamento consiste em reforçar e favorecer o desenvolvimento destas potencialidades e proporcionar o apoio necessário às suas dificuldades.
A inclusão social é um instrumento extremamente importante na determinação da qualidade de vida desta pessoa, pois lhe permite o acesso a todos os recursos da comunidade, que favorecerão o seu desenvolvimento global.

Autismo.

Autismo - O que é?
Segundo a Classificação Internacional das Doenças (CID-10) “o autismo infantil é descrito como um transtorno global do desenvolvimento caracterizado por um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes da idade de 3 anos; apresentando uma perturbação característica do funcionamento em cada um dos seguintes domínios: interações sociais, comunicação, comportamento focalizado e repetitivo. Além disso, o transtorno se acompanha de outras manifestações inespecíficas, por exemplo: fobias, perturbações do sono ou alimentação, crises de birra ou agressividade”.

Quais são as principais características?
Principais características: dificuldade de comunicação: atraso ou ausência da linguagem falada, acentuado prejuízo na capacidade de iniciar ou manter uma conversa, uso repetitivo da linguagem, ecolalia (repetem o que lhes foi dito) dificuldade na interação social: prejuízo no contato visual direto, dificuldade em relacionar-se com os outros, incapacidade de compartilhar sentimentos, gostos e emoções
Dificuldade no uso da imaginação: rigidez do pensamento, linguagem e comportamento, compreensão literal da linguagem, Falta de aceitação das mudanças ou sair da rotina, forma de brincar desprovida de criatividade e exploração peculiar de objetos e brinquedos, maneirismos motores (torcer as mãos, balançar o tronco ou os braços...).

Qual o método usado pela escola ABADS para educá-los?
Aqui na ABADS aplicamos uma avaliação chamada PEP-R que nos orienta na criação do programa individual para cada aluno. Utilizamos o método Teacch, ABA e o PEC´s são ferramentas que   ajudam na comunicação, organização dos materiais e no comportamento do aluno.Para o sucesso escolar é importante que estes alunos encontrem um ambiente estruturado, isso facilita o entendimento e diminui o stress.

Um amiguinho diferente.

Maurício de Souza tem incluído personagens "especiais" em suas historinhas, aqui segue uma para que possam imprimir e ler com seus alunos.








quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Blog ser diferente é normal

Galera, recentemente passeando pela internet encontrei um blog maravilhoso chamado "Ser diferente é normal" onde podemos baixar documentários e filmes maravilhosos sobre Educação Especial. Se quiserem conhecer acessem através do banner que coloquei aqui no nosso bloguinho, vale muito a pena.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Murais e Festa da Primavera.



Murais Semana da Pátria.

Educação Inclusiva.

Iniciei nesse mês um curso à distancia pela Universidade Federal de Uberlandia (UFU). Confesso que não acreditava muito nesses cursos à distancia, mas tenho aprendido bastante. Tenho lido muito para produzir meus trabalhos e as discussões que são feitas nos fóruns são muito importantes para nosso aprendizado. Meu olhar sobre esse tipo de educação está mudando a cada dia.
Sou encantada pela Educação Especial mas percebo a cada dia que as crianças só estão sendo aceitas na escola por se tratar de lei, mas em alguns casos ficam excluídas na própria escola.
Os professores não estão sendo preparados para lidar com as diferentes especialidades. Aqueles mais interessados procuram formação por conta própria. Mas ainda tem a questão do tempo disponível pois a maioria tem jornada dupla, às vezes até tripla.
Precisamos garantir que essas crianças estejam realmente incluídas e não apenas frequentando a sala de aula regular. Esse direito precisa ser garantido.
Inclusão se refere à totalidade e incondicionalidade, onde toda e qualquer criança deve ser inserida no sistema escolar comum. Mas o que vemos hoje é apenas integração, uma inserção parcial e condicionada. As escolas não se adéquam a essas crianças, elas é que tem de se adequar às escolas.
Muitas mudanças ocorreram, mas temos ainda um longo caminho a percorrer em busca de uma inclusão verdadeira e eficaz, pois sabemos que esses alunos conquistaram o direito de frequentarem à escola regular, porém como estão sendo tratados por ela? Esse é o maior problema que observo. Colocar as crianças na escola hoje é de certa forma fácil, o difícil é ter garantida a inclusão verdadeira, a aceitação pura por parte do corpo escolar, o aprendizado eficaz desse aluno com todas as suas potencialidades. Não culpo aqui apenas a escola e o professor, mas também os órgãos públicos que não capacitam esse grupo para cumprirem essa função com propriedade.
Não devemos querer tornar essas crianças normais, mas sim garantir que tenham o direito de serem diferentes e terem suas necessidades reconhecidas e atendidas. Devemos possibilitar que tenham condições de desenvolverem-se como estudantes, pessoas e cidadão.
A nós professores cabe a busca constante por aprendizado, devemos, uma vez que nem sempre nos é oferecido, buscar esse conhecimento por nós mesmos, pois acredito que é sim possível oferecer uma educação de qualidade que atenda a todos os alunos, sendo esses normais ou não, pois todos de uma forma ou de outra são sempre especiais.

Keyla Veríssimo.

domingo, 4 de setembro de 2011

Projeto "Formigas Trabalhadoras"

PROJETO DIDÁTICO – EDUCAÇÃO INFANTIL

Escola: EMEI...
Professora: Keyla dos Reis Duarte Veríssimo      Nível Pré II
Período: Tarde
Área(s) de Conhecimento: Natureza e Sociedade
Tema do Projeto: Formigas trabalhadoras
Data da Elaboração: 25/072011               
Período de duração: 08/08/2011 a 11/11/2011

Justificativa: O tema do projeto desperta o interesse natural das crianças desta faixa etária, pois, as formigas tem uma importante presença em seu mundo cotidiano (desenhos animados, histórias, jogos e filmes infantis) e, além disso, possuem um importante caráter de identificação de suas vivências pessoais e sociais.                                                                                  
  
Objetivo Social / Produto Final: Utilizar as informações e os conhecimentos adquiridos a respeito das formigas bem como as atividades desenvolvidas para exposição em Mostra Pedagógica.
  
Bibliografia:
ü       Ciência Hoje, Formigas: muito trabalho e muitas curiosidades, FNDE, Jan/Fev-2005.
ü       Ciência Hoje, Formigas-cortadeiras: trabalho pesado e organizado FNDE, Nov/2010.
ü       Insetos – Como observar e entender o fascinante mundo dos insetos, Ver de perto natureza.
ü       Ciência divertida e outros bichinhos, Rosie Harlow & Gareth Morgan, Melhoramentos.
ü       Descubra as formigas, Alejandro Algarra e Daniel Howarth, Ciranda Cu.ltural
ü       Eu amo insetos, curiosidades incríveis, Steve Parker, Ciranda Cultural.
ü       Reciclando com arte, bichinhos de jardim, Ivete Radda, Editora escolar.
ü       Sites diversos.
ü       Documentários sobre as formigas e outros insetos.
ü       DVDs.


CONTEÚDOS
HABILIDADES
ü       Manutenção e preservação dos espaços coletivos e do meio ambiente;
ü       Participar de situações de cuidado do ambiente por onde circulam;
ü       Conhecimento sobre pequenos animais e vegetais por meio de sua criação e cultivo;
ü       Conhecer alguns tipos de formigas, seus hábitos, necessidade vitais;
ü       Estabelecimento de algumas relações entre diferentes espécies de seres vivos, suas características e suas necessidades vitais;
ü       Identificar um inseto;
ü       Conhecimento das mudanças ocorridas no ambiente, decorrentes da ação do homem e da natureza;
ü       Conhecer as mudanças que ocorrem no ambiente decorrente da ação do homem que afetam diretamente esta espécie;
ü       Conhecimento de algumas espécies da fauna e flora brasileira e mundial.
ü       Conhecer alguns animais pertencentes à fauna brasileira.


ATIVIDADES EM SEQUÊNCIA
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
Atividade Desencadeadora: Observando as formigas.
OD. A professora levará os alunos ao jardim da escola e pedirá que observem se encontram algum bichinho. Chamará a atenção deles para as formigas que estiverem presentes por lá. Conversar com os alunos sobre elas para sondar o que conhecem. Registrará no blocão o que sabemos sobre as formigas e o que queremos aprender. Questioná-los sobre o que podemos fazer para aprender mais sobre as formigas.
1- Pesquisa extraclasse.
OD. A professora enviará para casa uma pesquisa sobre as formigas, solicitando que sejam enviadas para sala informações diversas e figuras de formigas.
2- Socialização da pesquisa.
OD. Em roda as crianças apresentarão o que trouxeram e juntas com auxílio da professora irão montar um cartaz coletivo com essas informações.
3- DVD A cigarra e a formiga.
OD. A professora passará o filme “A cigarra e a formiga” e depois levantará questionamentos com as crianças sobre a organização e o trabalho no formigueiro. Fará leitura de textos informativos dobre organização e trabalho no formigueiro.
4- Cartaz informativo.
OD. A professora será escriba do cartaz informativo sobre como é o trabalho das formigas no formigueiro a partir das informações obtidas no texto lido. Mostrará por imagem a hierarquia do formigueiro.
5- Vídeo: O Mundo Secreto das formigas.
OD. A professora colocará um vídeo contendo informações diversas sobre as formigas. Após assistirem fará uma roda de conversa para discutir o que aprenderam. A professora irá registrar as falas das crianças para depois montar um cartaz com as novas descobertas.
6- Alimentação das formigas.
OD. Conversa dirigida sobre o que as formigas comem. Levantar questionamentos. Ler texto informativo, relembrar informações do vídeo. Montar cartaz.
7- DVD: Smilinguido: A invasão.
OD. A professora passará o filme para que assistam e depois reflitam sobre o que aconteceu, porque o formigueiro foi inundado? Conversar sobre a importância do trabalho coletivo realizado pelas formigas e seu exemplo para nós.
8- O ninho e o Ciclo de vida da formiga.
OD. A professora apresentará através de imagens como é o ciclo de vida das formigas e o seu ninho.
9- Anatomia da formiga.
OD. A professora apresentará através de imagem como funciona a anatomia externa e interna da formiga.
10- DVD: Lucas – Um intruso no formigueiro.
OD. A professora trará o filme para que assistam e depois reflitam sobre o mesmo. Após irão representar desenhando a parte que mais gostaram.
11- Conhecendo a formiga Saúva.
OD. A professora passará um vídeo informativo da Saúva e depois farão um cartaz informativo com as características dessa formiga.
12- Conhecendo a formiga Lava pés.
OD. A professora trará uma imagem dessa formiga e informações sobre a mesma pra elaborarem um cartaz informativo.
13-Conhecendo a formiga Louca.
OD. A professora trará uma imagem dessa formiga e informações sobre a mesma pra elaborarem um cartaz informativo.
14- Conhecendo a formiga Cabeçuda.
OD. A professora trará uma imagem dessa formiga e informações sobre a mesma pra elaborarem um cartaz informativo.
15- Construindo um formigueiro.
OD. A professora apresentará para os alunos as instruções e materiais que usarão para confeccionar um formigueiro. Falará sobre o que representa cada parte, para que serve. (Antes solicitará a estagiária Luciene que consiga um formigueiro em seu sítio para colocar na sala no local que será feito pelos alunos). Explicará que depois que observarem irá devolver as formigas ao seu ambiente natural. A professora colocará as formigas no ambiente preparado com os alunos.
16/18/20- Observando o formigueiro.

18- DVD: O Brasil é o bicho: Saiba mais sobre as formigas.
OD. A professora orientará os alunos a observarem o formigueiro, verificar o que mudou, como está à organização, etc. Após a observação irão desenhar o que observaram.
OD da aula 18- As crianças assistirão ao vídeo informativo e poderão observar que conforme o homem destrói o ambiente ocorre um desequilíbrio natural e por esse motivo às vezes algumas formigas podem invadir nossas casas e causar prejuízos às plantações.
17- Curiosidades sobre as formigas e sua importância.
OD. A professora lerá alguns textos informativos sobre a importância das formigas para o meio ambiente e trará algumas curiosidades sobre as formigas. Montar cartaz informativo.
19- Formigas perigosas.
OD. A professora apresentará imagens de algumas formigas que são nocivas às pessoas e que podem até mesmo levar a morte por sua picada venenosa. Montar cartaz informativo.
21- DVD: O mundo secreto dos Jardins.
OD. A professora colocará um vídeo informativo sobre vários bichinhos de jardim para que as crianças observem que além das formigas outros bichinhos fazem parte de nosso jardim. Explicar o que é um inseto. Mostrar bichinhos de plástico para observarem diferenças e semelhanças.
22- Controle e prevenção de formigas domésticas / DVD Chico Bento: O causo das formigas.
OD. Assistir ao vídeo do Chico Bento e depois montar um cartaz informativo sobre como obter medidas preventivas para o controle de formigas domésticas.
23- Registro do que os alunos aprenderam, com o projeto.
OD. A professora colocará os alunos em roda e conversará sobre o que estudaram no projeto deixando que relatem suas descobertas. Tudo será registrado em sulfite para que possam comparar com que já sabiam anteriormente com o que aprenderam.
24- Organização dos materiais para a Mostra Pedagógica.
OD. A professora junto com os alunos irá preparar o que será exposto na Mostra Pedagógica.


Dicas de Livros

Esses livros são ótimos para realização de projetos. Atualmente estou trabalhando o Projeto "Formigas Trabalhadoras" e tenho usado muito como fonte de informação para as crianças. Bom demais, recomendo.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Caixinhas de Parlenda para montar.





Essas caixinhas foram feitas usando caixas vazias de creme dental e fósforo, encapadas com papel contact e decoradas de acordo com as parlendas que estão sendo trabalhadas. Nas menores coloca-se as letras móveis de acordo com as gravuras e nas maiores as frases para ser organizada a parlenda. 

Colaboração da minha amiga Elaine.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Reflexão. A história da "Grande Torre”.


Num tempo não muito distante do nosso, a humanidade ficou tão caótica que os homens fizeram um grande concurso. Eles queriam saber qual a profissão mais importante da sociedade. Os organizadores do evento construíram uma grande torre dentro de um enorme estádio com degraus de ouro, cravejados de pedras preciosas. A torre era belíssima. Chamaram a imprensa mundial, a TV, os jornais, as revistas e as rádios para realizarem a cobertura.

O mundo estava plugado no evento. No estádio, pessoas de todas as classes sociais se espremiam para ver a disputa de perto. As regras eram as seguintes: cada profissão era representada por um ilustre orador. O orador deveria subir rapidamente num degrau da torre e fazer um discurso eloqüente e convincente sobre os motivos pelos quais sua profissão era a mais importante da sociedade moderna. O orador tinha de permanecer na torre até o final da disputa. A votação era mundial e pela Internet.

Nações e grandes empresas patrocinavam a disputa. A categoria vencedora receberia prestígio social, uma grande soma em dinheiro e subsídios do governo. Estabelecidas as regras, a disputa começou. O mediador do concurso bradou: “O espaço está aberto!”

Sabem quem subiu primeiro na torre? Os educadores? Não! O representante da minha classe, a dos psiquiatras.

Ele subiu na torre e a plenos pulmões proclamou: “As sociedades modernas se tornarão uma fábrica de estresse. A depressão e a ansiedade são as doenças do século. As pessoas perderam o encanto pela existência. Muitas desistem de viver. A indústria dos antidepressivos e dos tranquilizantes se tornou a mais importante do mundo”. Em seguida, o orador fez uma pausa. O público, pasmo, ouvia atentamente seus argumentos contundentes.

O representante dos psiquiatras concluiu: “O normal é ter conflitos, e o anormal é ser saudável. O que seria da humanidade sem os psiquiatras? Um albergue de seres humanos sem qualidade de vida! Por vivermos numa sociedade doentia, declaro que somos, juntamente com os psicólogos clínicos, os profissionais mais importantes da sociedade!”

No estádio reinou um silêncio. Muitos na platéia olharam para si mesmos e perceberam que não eram alegres, estavam estressados, dormiam mal, acordavam cansados, tinham uma mente agitada, dores de cabeça. Milhões de espectadores ficaram com a voz embargada. Os psiquiatras pareciam imbatíveis.

Em seguida, o mediador bradou: “O espaço está aberto!” Sabem quem subiu depois? Os professores? Não! O representante dos magistrados - os juizes de direito.

Ele subiu num degrau mais alto e num gesto de ousadia desferiu palavras que abalaram os ouvintes: “Observem os índices de violência! Eles não param de aumentar. Os seqüestros, assaltos e a violência no trânsito enchem as páginas dos jornais. A agressividade nas escolas, os maus-tratos infantis, a discriminação racial e social fazem parte da nossa rotina. Os homens amam seus direitos e desprezam seus deveres”.

Os ouvintes menearam a cabeça, concordando com os argumentos. Em seguida, o representante dos magistrados foi mais contundente: “O tráfico de drogas movimenta tanto o dinheiro como o petróleo. Não há como extirpar o crime organizado. Se vocês querem segurança, aprisionem-se dentro de suas casas, pois a liberdade pertence aos criminosos. Sem os juizes e os promotores, a sociedade se esfacela. Por isso, declaro, com o apoio dos promotores e do aparelho policial, que representamos a classe mais importante da sociedade”.

Todos engoliram em seco essas palavras. Elas perturbavam os ouvidos e queimavam na alma. Mas pareciam incontestáveis. Outro momento de silêncio, agora mais prolongado. Em seguida, o mediador, já suando frio, disse: “O espaço está novamente aberto!”

Outro representante mais intrépido subiu num degrau mais alto da torre. Sabem quem foi desta vez? Os educadores? Não!

Foi o representante das forças armadas. Com uma voz vibrante e sem delongas, ele discursou: “Os homens desprezam o valor da vida. Eles se matam por muito pouco. O terrorismo elimina milhares de pessoas. A guerra comercial mata milhões de fome. A espécie humana se esfacelou em dezenas de tribos. As nações só se respeitam pela economia e pelas armas que possuem. Quem quiser a paz tem de se preparar para a guerra. Os poderes econômicos e bélicos, e não o diálogo são os fatores de equilíbrio num mundo espúrio”.

Suas palavras chocaram os ouvintes, mas eram inquestionáveis. Em seguida, ele concluiu: “Sem as forças armadas, não haveria segurança. O sono seria um pesadelo. Por isso, declaro, quer se aceite ou não, que os homens das forças armadas não são apenas a classe profissional mais importante, mas também a mais poderosa”. A alma dos ouvintes gelou. Todos ficaram atônitos.

Os argumentos dos três oradores eram fortíssimos. A sociedade tinha se tornado um caos. As pessoas do mundo todo, perplexas, não sabiam qual atitude tomar: se aclamavam um orador, ou se choravam pela crise da espécie humana, que não honrou sua capacidade de pensar.

Ninguém mais ousou subir na torre. Em quem votariam?

Quando todos pensavam que a disputa havia se encerrado, ouviu-se uma conversa no sopé da torre. De quem se tratava? Desta vez eram os professores. Havia um grupo deles da pré-escola, do ensino fundamental, do médio e do universitário. Eles estavam encostados na torre dialogando com um grupo de pais. Ninguém sabia o que estavam fazendo. A TV os focalizou e projetou num telão. O mediador gritou para um deles subir na torre. Eles se recusaram.

O mediador os provocou: “Sempre há covardes numa disputa”. Houve risos no estádio. Fizeram chacota dos professores e dos pais.

Quando todos pensavam que eles eram frágeis, os professores, com o incentivo dos pais, começaram a debater as ideias, permanecendo no mesmo lugar. Todos se faziam representar.

Um dos professores, olhando para o alto, disse para o representante dos psiquiatras: “Nós não queremos ser mais importantes do que vocês. Apenas queremos ter condições para educar a emoção dos nossos alunos, formar jovens livres e felizes, para que eles não adoeçam e sejam tratados por vocês”. O representante dos psiquiatras recebeu um golpe na alma.

Em seguida, outro professor que estava no lado direito da torre olhou para o representante dos magistrados e disse: “Jamais tivemos a pretensão de ser mais importantes do que os juizes. Desejamos apenas ter condições para lapidar a inteligência dos nossos jovens, fazendo-os amar a arte de pensar e aprender a grandeza dos direitos e dos deveres humanos. Assim, esperamos que jamais se sentassem num banco dos réus”. O representante dos magistrados tremeu na torre.

Uma professora do lado esquerdo da torre, aparentemente tímida, encarou o representante das forças armadas e falou poeticamente: “Os professores do mundo todo nunca desejaram ser mais poderosos nem mais importantes do que os membros das forças armadas. Desejamos apenas ser importantes no coração das nossas crianças. Almejamos levá-las a compreender que cada ser humano não é mais um número na multidão, mas um ser insubstituível, um ator único no teatro da existência”.

A professora fez uma pausa e completou: “Assim, eles se apaixonarão pela vida, e, quando estiverem no controle da sociedade, jamais farão guerras, sejam guerras físicas que retiram o sangue, sejam as comerciais que retiram o pão. Pois cremos que os fracos usam a força, mas os fortes usam o diálogo para resolver seus conflitos. Cremos ainda que a vida seja obra-prima de Deus, um espetáculo que jamais deve ser interrompido pela violência humana”.

Os pais deliraram de alegria com essas palavras. Mas o representante do judiciário quase caiu da torre.

Não se ouvia um zumbido na platéia. O mundo ficou perplexo. As pessoas não imaginavam que os simples professores que viviam no pequeno mundo das salas de aula fossem tão sábios. O discurso dos professores abalou os líderes do evento.

Vendo ameaçado o êxito da disputa, o mediador do evento disse arrogantemente: “Sonhadores! Vocês vivem fora da realidade!”. Um professor destemido bradou com sensibilidade: “Se deixarmos de sonhar, morreremos!”

Sentindo-se questionado, o organizador do evento pegou o microfone e foi mais longe na intenção de ferir os professores: “Quem se importa com os professores na atualidade? Comparem-se com outras profissões. Vocês não participam das mais importantes reuniões políticas. A imprensa raramente os noticia. A sociedade pouco se importa com a escola. Olhem para o salário que vocês recebem no final do mês!” Uma professora fitou-o e disse-lhe com segurança: “Não trabalhamos apenas pelo salário, mas pelo amor dos seus filhos e de todos os jovens do mundo”.

Irado, o líder do evento gritou: “Sua profissão será extinta nas sociedades modernas. Os computadores os estão substituindo! Vocês são indignos de estar nesta disputa”.

A platéia, manipulada, mudou de lado. Condenaram os professores. Exaltaram a educação virtual. Gritaram em coro: “Computadores! Computadores! Fim dos professores!”. O estádio entrou em delírio repetindo esta frase. Sepultaram os mestres. Os professores nunca haviam sido tão humilhados. Golpeados por essas palavras resolveram abandonar a torre. Sabem o que aconteceu?

A torre desabou. Ninguém imaginava, mas eram os professores e os pais que estavam segurando a torre. A cena foi chocante. Os oradores foram hospitalizados. Os professores tomaram então outra atitude inimaginável: abandonaram, pela primeira vez, as salas de aula.

Tentaram substituí-los por computadores, dando uma máquina para cada aluno. Usaram as melhores técnicas de multimídia. Sabem o que ocorreu?

A sociedade desabou. As injustiças e as misérias da alma aumentaram mais ainda. A dor e as lágrimas se expandiram. O cárcere da depressão, do medo e da ansiedade atingiu grande parte da população. A violência e os crimes se multiplicaram. A convivência humana, que já estava difícil, ficou intolerável. A espécie humana gemeu de dor. Corria o risco de não sobreviver...

Estarrecidos, todos entenderam que os computadores não conseguiam ensinar a sabedoria, a solidariedade e o amor pela vida. O público nunca pensara que os professores fossem os alicerces das profissões e o sustentáculo do que é mais lúcido e inteligente entre nós. Descobriu-se que o pouco de luz que entrava na sociedade vinha do coração dos professores e dos pais que arduamente educavam seus filhos.

Todos entenderam que a sociedade vivia uma longa e nebulosa noite. A ciência, a política e o dinheiro não conseguiam superá-la. Perceberam que a esperança de um belo amanhecer repousa sobre cada pai, cada mãe e cada professor, e não sobre os psiquiatras, o judiciário, os militares, a imprensa...

Não importa se os pais moram num palácio ou numa favela, e se os professores dão aulas numa escola suntuosa ou pobre - eles são a esperança do mundo.

Diante disso, os políticos, os representantes das classes profissionais e os empresários fizeram uma reunião com os professores em cada cidade de cada nação. Reconheceram que tinham cometido um crime contra a educação. Pediram desculpas e rogaram para que eles não abandonassem seus filhos.

Em seguida, fizeram uma grande promessa. Afirmaram que a metade do orçamento que gastavam com armas, com o aparato policial e com a indústria dos tranqüilizantes e dos antidepressivos seria investida na educação. Prometeram resgatar a dignidade dos professores, e dar condições para que cada criança da Terra fosse nutrida com alimentos no seu corpo e com o conhecimento na sua alma. Nenhuma delas ficaria mais sem escola.

Os professores choraram. Ficaram comovidos com tal promessa. Há séculos eles esperavam que a sociedade acordasse para o drama da educação. Infelizmente, a sociedade só acordou quando as misérias sociais atingiram patamares insuportáveis.

Mas, como sempre trabalharam como heróis anônimos e sempre foram apaixonados por cada criança, cada adolescente e cada jovem, os professores resolveram voltar para a sala de aula e ensinar cada aluno a navegar nas águas da emoção.

Pela primeira vez, a sociedade colocou a educação no centro das suas atenções. A luz começou a brilhar depois da longa tempestade... No final de dez anos os resultados apareceram, e depois de vinte anos todos ficaram boquiabertos.

Os jovens não desistiam mais da vida. Não havia mais suicídios. O uso de drogas dissipou-se. Quase não se ouvia falar mais de transtornos psíquicos e de violência. E a discriminação? O que é isso? Ninguém se lembrava mais do seu significado. Os brancos abraçavam afetivamente os negros. As crianças judias dormiam na casa das crianças palestinas. O medo se dissolveu, o terrorismo desapareceu, o amor triunfou.

Os presídios se tornaram museus. Os policiais se tornaram poetas. Os consultórios de psiquiatria se esvaziaram. Os psiquiatras se tornaram escritores. Os juizes se tornaram músicos. Os promotores se tornaram filósofos. E os generais? Descobriram o perfume das flores, aprenderam a sujar suas mãos para cultivá-las.

E os jornais e as TVs do mundo? O que noticiavam, o que vendiam? Deixaram de vender mazelas e lágrimas humanas. Vendiam sonhos, anunciavam a esperança...

Quando esta história se tornará realidade? Se todos sonharmos este sonho, um dia ele deixará de ser apenas um sonho.

(CURY, Augusto. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003, pp. 159-167).

Esse texto é lindo, vamos todos sonhar o mesmo sonho, para quem sabe um dia ele tornar-se real.